quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Me deu um branco

Memória seletiva
Impera sobre meu ser
Esqueci de mim
Esqueci de você
Esqueci de pensar
Esqueci de existir
De falar de ser e estar
Andei perdendo a razão
Palavras e um pouco de ar
Me deu um branco
Perdi a memória
De resto, uma porção
De sobras:
(Des)afetos pra contarem
A história
Que sequer teve um início
E o fim foi um durante
O meio é como um vulto
Sem luz e sem semblante
Esqueci o que era o certo
O errado, o infalível
Lembro apenas
Que de longe
Já enxergava
O previsível
Perdi o que nunca tive
Desconheço o que possuí
Minha memória
Me atormenta
Quando lembro
Já esqueci
Deixei passar em branco
O que era pra ter cor
Não lembro
Nem do gosto
Do desgosto
Ou do valor
Me deu um branco
E a lembrança
Transparente
Transformou-se
Em tom difuso
Um tanto quanto
Ausente num
Sentido obtuso
Mesmo ausente
Está presente
Um detalhe, uma vontade
Que revela e releva
A lembrança que me invade (...)

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