sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Linha Tênue

Eu peço desculpas.
Por estar presente nos teus pensamentos dia após dia.
E sinto saudades.
De tudo aquilo que não vivemos
e tudo aquilo que nunca aconteceu.
Aprendi a respeitar.
Respeitar a solidão que existe em você.
Sei que você é superior.
Superior na arte do fracasso.
Quero te agradecer.
Agradeço por estar longe e
cada vez mais longe da minha vida.
E não te desejo o mal.
Pois o seu mal estar será eterno.
Acredito em tudo o que passou
e principalmente no nada.
Que restou.
Eu espero que você descanse em paz.
Enquanto estiver vivo.
Nosso reencontro vai chegar.
Entre pensamentos, pesadelos
ou até a hora de acordar.

E acima de tudo
Eu amo.
Amo muito o fato de jamais
conseguir te amar. (...)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Amor de vidro

O amor não exige alta frequência nem alta fidelidade
Exige sim alta urgência de entrega e cumplicidade
O amor não se pede, não se escolhe, nem se justifica
Amor de verdade se entende, acontece e não se explica

O amor na linha tênue com a paixão:
Confunde, espera e desarma...
Todas as defesas da mente, do corpo, alma ou suposto coração.

O amor não paga conta, empobrece ou enriquece a quem ama
O amor desmonta, enobrece e [des]engana
Amor real é incolor, transparente, passageiro ou infinito
O amor pode ser ódio, perdão, posse ou conflito

Amor em excesso não encobre os erros, as falhas, as mentiras
Amor em demasia causa dor, angústia e desarmonia
Amor condicional é um amor condicionado
É aquele amor colateral, pois já nasce envenenado

O amor é a regra, a exceção, a mania
Amor não tem pudor, valor ou escolha só por um dia
Amor é puro, eterno, sem hora pra acabar
Amor traz a cura, pára o tempo e também pode matar

O amor é confiança, uma lembrança ou despedida
Amor estréia
Na platéia
Quando a entrega é dividida

Dividir o amor em fatias
Sempre alguém ficará com fome
Amor é tato, abstrato, sem pronome
Pronome possessivo
Para o amor é sufocante
O amor não se despede... é o depois, o antes e o durante

Amor trancado no peito, só aumenta sem cessar
Amor é ter respeito, desejo e segurança para amar
Amor
Uma bomba relógio que explode a toda hora
Amor não vem com pressa, resiste, insiste, demora

Quem sabe um amor de vidro
Transparente, incolor e impermeável
Permite enxergar tudo, sentir o real amor durável
O amor de vidro é sólido, inerte e resistente
No entanto é muito frágil, quebra e corta se o amor pressente...

Que talvez a solidez
um dia se transformará em farelos
restos de cacos trincados
O amor é como o vidro...
[Futuro, presente ausente ou passado]
degrada a partir de tempo indeterminado.

terça-feira, 30 de março de 2010

desconcertante

Sobras e restos que me presto a entender

Sobras suas restam dentro do meu ser
Sobras que me arrastam para tanto te manter
Eu poderia me deitar contigo no teto
ter itinerários tortos soltos e retos
Percorreria caminhos longos de estreita estrada
partiria contigo para o tudo o mundo ou o nada
Desejaria que você fosse apenas
um filme trash na minha vida real
somente um personagem montado
pura arte original
Acreditaria em falácias
talvez em pequenas verdades
te incendiaria por dentro
tua alma e tuas vontades
Testo teu limite
meu limite
e te apago

Volta [só] por um dia
me conserta
e eu te estrago
(...)

desconcertante II

Entrelinhas tão difíceis de reler

Entre as linhas que nos juntam sem tecer
Cordas que te soltam entre nós
Ao me rever
Eu poderia voltar ao que era antes
Prever o futuro
Quebrar o durante
Transformaria tudo em um conto
Talvez na mesma essência
Quem sabe os nossos encontros
Fossem mais que coincidência
Teria dosagens plenas
Meras pequenas medidas
O efeito seria apenas
Breves novas recaídas
Seria um pouco mais calma
Só por pura vaidade
Apagaria o fogo da tua alma
Sem a fúria da vontade

Testei o teu limite

Você volta
Após partir
Tenta abrir meu apetite
Por enquanto
Vou dormir
(...)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Me deu um branco

Memória seletiva
Impera sobre meu ser
Esqueci de mim
Esqueci de você
Esqueci de pensar
Esqueci de existir
De falar de ser e estar
Andei perdendo a razão
Palavras e um pouco de ar
Me deu um branco
Perdi a memória
De resto, uma porção
De sobras:
(Des)afetos pra contarem
A história
Que sequer teve um início
E o fim foi um durante
O meio é como um vulto
Sem luz e sem semblante
Esqueci o que era o certo
O errado, o infalível
Lembro apenas
Que de longe
Já enxergava
O previsível
Perdi o que nunca tive
Desconheço o que possuí
Minha memória
Me atormenta
Quando lembro
Já esqueci
Deixei passar em branco
O que era pra ter cor
Não lembro
Nem do gosto
Do desgosto
Ou do valor
Me deu um branco
E a lembrança
Transparente
Transformou-se
Em tom difuso
Um tanto quanto
Ausente num
Sentido obtuso
Mesmo ausente
Está presente
Um detalhe, uma vontade
Que revela e releva
A lembrança que me invade (...)

Pecado é provocar o desejo e renunciar

Eu quebrei o que me exacerba,
Colei cacos da minha soberba
E deixei restos trincados

Me cortei com as incertezas
E senti certa avareza
Ao doar meu outro lado

Trouxe à tona a minha luxúria
De um jeito retraído
Tive inveja da minha gula
Por provar sem ter sentido

Minha infame vaidade
No entanto, vira ira
Quando perco pro meu ego
Ou me entrego à mentira.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Um ar

Faltou consistência
um pouco da tua essência
num sentido horizontal
Me doei por partes
uma em cada metade
numa linha desigual
Eu sinto...
Sinto muito a tua falta
um pedaço de ti me assalta
furta rouba e suga o que resta em mim
Um pouco de ti me assusta e me ajuda
na busca absoluta
que aprendi vivendo assim...
Eu te sinto nos retratos
o teu gosto, o teu tato
que me prende e não solta
Eu fujo do início
me perco no meio
e esqueço por onde se volta
Subliminar
tento te intimidar
tento em ti me dar
sublime no ar...
Eu sinto muito
não agi como o esperado
sinto aos poucos
sinto muito o passado
aguça todos meus sentidos
Te sinto por tudo
nos sabores, temperos e perfumes
nos silêncios reprimidos
Perdi o bom-senso
te queimo como incenso
e aceito a fluidez
a fumaça vazia que
desmancha, deslancha
envenena, desanda
perdi a vez
Eu sinto e sinto muito
o que não foi
o que já foi
e o depois
Nas paredes
entre versos
nos recados
em desejos
desvendados
Eu te sinto
tanto assim
Me aquece em fogo brando
não me deixa esfriar...
Sinto muito entre os cantos
teu encanto está no ar
só um ar.