terça-feira, 17 de agosto de 2010

Amor de vidro

O amor não exige alta frequência nem alta fidelidade
Exige sim alta urgência de entrega e cumplicidade
O amor não se pede, não se escolhe, nem se justifica
Amor de verdade se entende, acontece e não se explica

O amor na linha tênue com a paixão:
Confunde, espera e desarma...
Todas as defesas da mente, do corpo, alma ou suposto coração.

O amor não paga conta, empobrece ou enriquece a quem ama
O amor desmonta, enobrece e [des]engana
Amor real é incolor, transparente, passageiro ou infinito
O amor pode ser ódio, perdão, posse ou conflito

Amor em excesso não encobre os erros, as falhas, as mentiras
Amor em demasia causa dor, angústia e desarmonia
Amor condicional é um amor condicionado
É aquele amor colateral, pois já nasce envenenado

O amor é a regra, a exceção, a mania
Amor não tem pudor, valor ou escolha só por um dia
Amor é puro, eterno, sem hora pra acabar
Amor traz a cura, pára o tempo e também pode matar

O amor é confiança, uma lembrança ou despedida
Amor estréia
Na platéia
Quando a entrega é dividida

Dividir o amor em fatias
Sempre alguém ficará com fome
Amor é tato, abstrato, sem pronome
Pronome possessivo
Para o amor é sufocante
O amor não se despede... é o depois, o antes e o durante

Amor trancado no peito, só aumenta sem cessar
Amor é ter respeito, desejo e segurança para amar
Amor
Uma bomba relógio que explode a toda hora
Amor não vem com pressa, resiste, insiste, demora

Quem sabe um amor de vidro
Transparente, incolor e impermeável
Permite enxergar tudo, sentir o real amor durável
O amor de vidro é sólido, inerte e resistente
No entanto é muito frágil, quebra e corta se o amor pressente...

Que talvez a solidez
um dia se transformará em farelos
restos de cacos trincados
O amor é como o vidro...
[Futuro, presente ausente ou passado]
degrada a partir de tempo indeterminado.